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A diversidade saiu de moda ou a magreza extrema nunca deixou os holofotes?


Foto/ Reprodução: Banco de Imagens WIX
Foto/ Reprodução: Banco de Imagens WIX

Nos últimos anos, o segmento plus size consolidou-se como um nicho significativo dentro da indústria da moda, promovendo avanços substanciais na representatividade e na valorização da diversidade corporal. No entanto, observa-se uma tendência recente que resgata a magreza extrema como padrão estético predominante, impulsionada tanto pelas redes sociais quanto por grandes marcas do setor. Essa realidade suscita um questionamento pertinente: a diversidade tornou-se uma tendência passageira ou a busca pela magreza sempre permaneceu como norma hegemônica?


Ozempic - Foto/ Reprodução: Banco de Imagens WIX
Ozempic - Foto/ Reprodução: Banco de Imagens WIX

A crescente exaltação de corpos cada vez mais esguios por influenciadoras e celebridades contribui para a perpetuação desse padrão. O uso indiscriminado de fármacos como o Ozempic, originalmente indicado para o tratamento do diabetes tipo 2, mas amplamente empregado como recurso para emagrecimento rápido, tornou-se uma prática corriqueira e, em muitos casos, socialmente incentivada. Esse fenômeno reflete um retrocesso na inclusão corporal na moda, uma vez que reforça a ideia de que a adequação a um padrão esbelto é não apenas desejável, mas necessária.


Esse cenário impacta diretamente a percepção da moda plus size e de sua comunidade, que, apesar dos avanços conquistados nas últimas décadas, enfrenta um novo desafio: a tentativa de enquadramento dos corpos diversos em um modelo de beleza que, ainda que mais inclusivo, não se distancia integralmente do ideal magro. Esse movimento regressivo se reflete na diminuição da diversidade nas passarelas, nas grades de tamanhos das coleções e na comunicação publicitária das grandes marcas.


Dados do relatório de inclusão de tamanhos do outono de 2025 da Vogue Business corroboram essa tendência. Conforme noticiado pelo O Globo (2025), dentre os 8.703 looks apresentados em 198 desfiles e apresentações, apenas 2% eram de tamanho médio (equivalente ao tamanho americano 6 a 12, correspondente no Brasil à numeração entre 35 e 44), enquanto apenas 0,3% contemplavam modelagens plus size. Além disso, observa-se que diversas marcas, anteriormente comprometidas com a inclusão, passaram a reduzir suas grades de tamanhos ou modificar suas modelagens para um padrão que, embora tecnicamente plus size, ainda se alinha aos arquétipos tradicionais da indústria. Como consequência, surgem novas formas de exclusão dentro do próprio segmento, onde corpos antes celebrados voltam a ser marginalizados. Dentre os 8.703 looks apresentados em 198 desfiles e apresentações, apenas 2% eram de tamanho médio (equivalente ao tamanho americano 6 a 12, correspondente no Brasil à numeração entre 35 e 44), enquanto apenas 0,3% contemplavam modelagens plus size. Além disso, observa-se que diversas marcas, anteriormente comprometidas com a inclusão, passaram a reduzir suas grades de tamanhos ou modificar suas modelagens para um padrão que, embora tecnicamente plus size, ainda se alinha aos arquétipos tradicionais da indústria. Como consequência, surgem novas formas de exclusão dentro do próprio segmento, onde corpos antes celebrados voltam a ser marginalizados.


Maya Massafera causa ao falar sobre sua aparência: "Rico gosta de magreza” Video/ Reprodução: Canal UOL


O caso da influenciadora digital Maya Massafera exemplifica essa dinâmica. Conforme reportado pelo Metrópoles (2024), ela gerou polêmica nas redes sociais ao associar a magreza a um padrão estético ligado à elite, diferenciando-o da preferência de pessoas de classes mais baixas por corpos "mais cheinhos". Em uma série de respostas a seguidores no último domingo (23/2), Massafera defendeu a magreza como um gosto pessoal e citou a modelo Kate Moss para reforçar essa visão. Recentemente, ela gerou polêmica nas redes sociais ao associar a magreza a um padrão estético ligado à elite, diferenciando-o da preferência de pessoas de classes mais baixas por corpos "mais cheinhos". Em uma série de respostas a seguidores no último domingo (23/2), Massafera defendeu a magreza como um gosto pessoal e citou a modelo Kate Moss para reforçar essa visão. A repercussão desse posicionamento evidenciou como a magreza extrema ainda é referenciada como um ideal de status e sofisticação, reforçando discursos que perpetuam padrões estéticos excludentes.


Diante desse panorama, questiona-se: quando essa dinâmica chegará ao fim?


A conquista de um espaço mais inclusivo e diverso na moda foi um marco relevante, mas os retrocessos recentes demonstram que essa batalha está longe de ser concluída. A pressão midiática por um padrão inalcançável de beleza reforça a necessidade de um olhar crítico sobre o tema. A comunidade plus size, que já superou inúmeras barreiras para conquistar reconhecimento, enfrenta agora o desafio de garantir que corpos diversos não sejam tratados como mera tendência sazonal, mas sim como parte essencial e respeitada da moda contemporânea.


E você, vai aceitar que a diversidade corporal seja tratada como moda passageira — ou está pronto para questionar, resistir e transformar esse ciclo excludente? Porque enquanto os holofotes se voltam novamente para a magreza como símbolo de status, quem levanta a voz para lembrar que beleza real não tem tamanho?


Escrito por Fernanda Castelo Branco @fefscastelobranco (Blogger e Content Creator)

Revisado por Marcel Warley @marcel_warley (Coordenação EMBR)

 
 
 

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